Quer deixar seus intérpretes felizes para seu evento ser um sucesso? Então vem aqui aprender como ser um bom cliente sob o ponto de vista dos intérpretes.
“Nossa, vocês fazem milagre, não consigo imaginar como vocês conseguem fazer isso!”
Mais de um profissional de destaque em sua área (fluente em idiomas estrangeiros) já me disse isso. Fico lisonjeada, porém sempre surpresa.
Apesar de que relembrando, quando eu era graduanda de tradução, ao ver uma cabine pela primeira vez em uma palestra, não tive coragem de experimentar – e eu estudava isso, hein.
Até hoje a sensação que tenho é que é muita responsabilidade ser a voz em outra língua da pessoa que está ali na frente, falando o que todo mundo que está ali quer saber.
Sim, é difícil pacas. Além disso, ainda tem um pessoal que dificulta a nossa vida.
Desse modo, inspirada por essa publicação do Number 17, decidi redigir um manual de boas maneiras para clientes de tradutores simultâneos. Quem sabe com um pouco de conhecimento a respeito da nossa profissão, o pessoal entenda como ser um bom cliente daqui para a frente.
1. Comporte-se
Eu sei que a cabine é um espaço pitoresco, bastante curioso para quem nunca viu, etc., mas olha só: não é um aquário.
Anote aí: nunca bata no vidro para chamar a atenção de um intérprete por qualquer motivo que seja. O ofício de tradução simultânea exige uma concentração acima do normal, além de condições ideias de temperatura e pressão – isolamento acústico sendo uma das principais delas.
Precisa urgentemente falar com os intérpretes? Fale com aquele que está fora do microfone no momento, fazendo um sinal para ele/a sair da cabine ou passando um bilhete por escrito – lembre-se, tudo que é falado ali dentro o microfone capta.
2. Ô, espelho sem aço!
Não obstrua a visão do pessoal dentro da cabine. A tradução simultânea fica muito mais fácil quando a gente consegue ver quem está falando – linguagem corporal é algo muito importante, acredite.
Apesar de não ser uma regra, as cabines já tendem a ser posicionadas em locais bastante inadequados, lá no fundo da sala. Ter mais um cabeção na frente não ajuda nem um pouco. Infelizmente, nem toda cabine no Brasil é igual àquelas belíssimas do Parlamento Europeu.
Agora algumas dicas para quem está fazendo a palestra….
3. Fale no microfone
Só podemos traduzir o que é dito no microfone – lembra que a gente quase sempre está lá atrás? Então, mesmo que você fale bem alto, não vamos ouvir claramente e a tradução vai ficar complicada.
O mesmo vale para a hora das perguntas. Peça ao pessoal para falar no microfone ou teremos que dizer no ouvido de quem está nos ouvindo de verdade para eles pedirem e o negócio vai ficar meio chato.
4. Vai ler algo?
Por favor, de todo o coração, passe esse texto antecipadamente para os intérpretes. É natural que as pessoas falem mais rápido ao ler e isso dificulta bastante o nosso trabalho de tradução, vocês não fazem ideia. Tendo o texto antes, podemos tomar notas de termos técnicos de difícil tradução e ter uma ideia do que vem pela frente. Planejamento antecipado faz parte da nossa rotina.
5. Planeje-se com antecedência
Aliás, fornecer material de apoio antecipadamente para seus intérpretes é de grande valia. Antes de qualquer palestra, organizamos glossários, fazemos pesquisa de vocabulário, nos dedicamos mesmo. Ou você acha que a gente sabe que pedilúvio é “foot bath” porque leu ali rapidinho no dicionário?