Eu sei o que você está pensando: o que isso tem a ver com tradução ou interpretação? Por que esse post num blog como esse? Ora, querido leitor, um bom tradutor tem que estar a par da cultura e da história dos seus idiomas, mesmo o materno. Portanto, nada mais natural do que apresentar dicas de leitura como essa, da história do Brasil revisitada.
1808, 1822 e 1889
Os livros do Laurentino Gomes me foram muito úteis para melhor compreender meu país e, em consequência, minha língua natal. Usando um vocabulário bastante acessível a leitores não acadêmicos, fui abduzida pelos dados dos três livros. Adorei também o fato do autor explicar, sempre que necessário, qualquer vocábulo do séc. XIX que tenha caído em desuso, aprendi bastante.
Não é preciso nem seguir a sequência cronológica da série – eu comecei pelo 1889, por exemplo. Cada edição é contextualizada por um índice, no começo do livro, com os principais fatos que ocorriam no Brasil e no mundo naquele momento. É uma ótima maneira de mergulhar no contexto exato.
Curiosidades
Foi assim que fiquei sabendo, por exemplo, que houve uma seca no Ceará em 1877 tão intensa que foram registrados casos de canibalismo! Informação prontamente confirmada pela minha avó, a historiadora da família.
Os livros proporcionam uma leitura tão cativante que no caso do 1889, usei marcadores para registrar cada fato interessante que li e no final, fiquei com o livro todo colorido de adesivos. Acho que o Laurentino fez um grande favor a todos nós colocando em linguagem acessível todos os fatos importantes que, como brasileiros, temos a obrigação de saber.
O autor também apresentou a biografia e os fatos históricos de todos esses nomes e datas que vemos nas principais ruas e avenidas do país. Depois dessa leitura, já estou me planejando para estar em um 2 de julho em Salvador para ver toda a festa. Também estive no Palácio Imperial de Petrópolis por influência do livro.
Na verdade, a grande questão é que quando a gente estuda história do Brasil na escola é sempre na base da obrigação. E, francamente, somos muito imaturos para compreender a importância da questão toda. Daí o motivo de ter ficado muito satisfeita, por meio desses livros, de ter acesso aos fatos que sempre me pareceram tão confusos.
O diferencial da série
O mais interessante, no entanto, foi perceber que o autor preferiu retratar personagens de calibre como os imperadores Dom João VI, Dom Pedro I e Dom Pedro II, além de Benjamin Constant, José Bonifácio e tantos outros, como pessoas. Foi a primeira vez que fui apresentada ao lado humano de gente que só tinha visto eternizada em retrato pomposo.
Em suma, são três livros muito interessantes. Recomendo fortemente. As três edições também estão disponíveis para Kindle (inclusive uma edição juvenil ilustrada de 1889).