Dicionários que amamos, parte II: Marcílio

Continuando nossa série “Dicionários que amamos”, hoje vamos à parte II e vamos falar de um moço chamado Marcílio. Se você traduz textos jurídicos, já deve ter ouvido falar dele.

O que? Nunca te falaram do Marcílio? Ah, então, vamos lá…

marcilio

O Dicionário de Direito, Economia e Contabilidade de Marcílio Moreira de Castro está em sua quarta edição, de 2013. Mas eu uso minha terceira edição (autografada!) ainda com muito gosto, então se você está precisando economizar, pode comprar em sebo sem susto.

Mas quem é Marcílio?

O Marcílio é um tradutor público, intérprete comercial e advogado – e é isso que faz toda a diferença. Para começar, o dicionário é tanto português-inglês como inglês-português. Nele, o autor apresenta traduções de verbetes bem comuns à realidade jurídica brasileira (leia-se, o jurisdiquês). Além disso, para cada verbete ele expõe, se necessário, mais de um contexto.

O Marcílio também dá explicações do estilo “prestação jurisidicional” ser sinônimo de “tutela” ou a Constituição ter sinônimos desnecessários como “Lei Magna”, “Diploma Máximo” e outros. Em português, mesmo – não tem nada a ver com aqueles dicionários engessados, que na verdade são uma lista gigante com duas colunas, uma em cada idioma. Na minha opinião, é aí que ele conquista o leitor não advogado, nos aproximando dessa realidade de rebuscos.

Sempre comparando e explicando as diferenças e dificuldades de tradução dos diferentes sistemas jurídicos (Brasil, EUA e Inglaterra), o autor é detalhista ao justificar suas escolhas. Ele sempre cita exemplos de fontes de referência conceituadas, como o Black’s Law Dictionary, por exemplo.

O dicionário também apresenta anexos com listas de palavras de jurisdiquês em inglês, palavras-chave para a tradução de contratos, balancetes e demonstrações de resultados, entre outros. É um dicionário jurídico, mas também engloba termos de economia e contabilidade.

E o Marcílio pessoa física?

O autor é bastante atuante online. apresentando as atualizações do Dicionário, links de venda com ofertas e até dando aulas de tradução jurídica no Youtube, veja bem. Ele também dá palestras pelo país e está sempre presente em congressos.

Em julho de 2011, fui a uma palestra dele aqui no Rio e achei ele bem simpático e acessível. Segundo ele, a criação do dicionário surgiu ainda nos tempos de faculdade. Se ele aprendia algo sobre direito civil, corria para as referências equivalentes dos EUA e logo montava um glossário dos principais termos.

Aos pouquinhos, foi montando essa obra de referência super completa, que conversa com o leitor leigo em português de verdade, sem enrolação. Motivo pelo qual virou peça obrigatória na estante de qualquer tradutor da área.